
A Natura mostrou que a indústria 4.0 deve impulsionar estratégias competitivas. “Nós estamos
focados em zero acidente, aumento na produtividade, diminuição do custo e em aumentar o atendimento da demanda.
Então, precisamos usar as ferramentas em harmonia com essas estratégias. Se eu tenho recursos escassos de energia,
eu direciono o gerador para a linha que tem demanda. Essa inteligência de utilidades nos ajuda a melhorar o nosso atendimento
nesse sentido”, explicou William Franco, gerente de Engenharia em Manutenção e Utilidade da Natura.
A jornada digital na fabricante de cosméticos já abrange o sistema de iluminação e ar condicionado,
usado de forma inteligente; uso da realidade aumentada na realização do setup das máquinas a de impressão
3D de embalagens.
Outro ponto discutido foi a segurança das informações: como conectar todas as fábricas sem
colocar em risco o negócio. A Bosch, indústria com 270 plantas em todo o mundo, tem investimentos e uma política
de proteção dos dados. “ A segurança é ponto básico, primordial e prioritário
em tudo o que fazemos. Desde a legalidade, sem ferir a privacidade das pessoas, ou ser hackeado em ambientes em que não
estão protegidos. Não queremos ter o risco de ter nosso parque comprometido ou ter uma parada de máquinas.
Existe um investimento global para proteção de dados”, afirmou Carlos Alberto Gallani, da Bosch.
Começar simples, mas ter produtividade complexa
A Ubivis, startup com soluções para a indústria 4.0 nasceu no Paraná, foi incubada pelo Senai
no Paraná, quando foi selecionada pelo edital Sesi e Senai de Inovação. Especializada em uso de sensoriamento
e dispositivos instalados para medição de performance e detecção preventiva de falhas, segundo
o diretor executivo da startup, Paulo Souza, “o primeiro passo para a transformação digital é muito
simples, pode começar no painel elétrico da sua máquina. Com a análise sistemática de todos
os registros, vistos em tempo real”. Segundo ele, as dificuldades para iniciar a jornada são as mesmas para todos
os portes de indústrias e o mais importante é começar. “A jornada começa em um ponto específico,
na dor maior da sua produção”.
Repensar sempre o negócio
A Hi Tecnologies, também curitibana, começou como uma empresa de softwares de análises laboratoriais. Aos poucos, foi percebendo que o modelo de negócio era inviável. “Ficamos 2 anos sem ganhar nada e aí percebemos que precisávamos repensar o nosso negócio”, comenta o CEO Marcus Vinicius Figueiredo. Hoje, a Hi Tecnologies é uma indústria que não cobra pelos seus equipamentos, mas pelos exames feitos neles. Um pequeno aparelho, conectado ao banco de dados da Hi, recebe uma gota de sangue do paciente e envia para a análise no laboratório da indústria. O resultado saí rapidamente, entre 10 a 5 minutos, e o preço é inferior aos exames convencionais. “ O mercado que conquistamos é fruto de uma decisão que tomamos lá atrás, de abraçar o risco e de não ter medo de mudar”, completa Marcus.
A Whirlpool vê nos hábitos de consumo uma oportunidade de reposicionar os negócios. “Hoje nossos
produtos executam tarefas. Vamos começar a gerar e criar experiências para os nossos consumidores”, afirmou
Lucas Magalhães, gerente de inovação da Whirlpool. A ideia é que antes mesmo de um produto falhar,
através de uma conexão com a fábrica, os eletrodomésticos enviam um sinal para a manutenção.
“Uma experiência que poderia ser ruim passa a ser boa, pois com os dados adiantamos as necessidades atendidas”,
explicou.
Perfis do profissional do futuro
Estamos vivendo em um muito cada vez mais conectado, metade da população já tem acesso à
internet e é preciso que os empresários deixem de pensar da forma convencional. “Se você pensar
linear, você anda 30 passos e terá andado 30 metros. Mas nos próximos anos, a tecnologia vai evoluir de
forma exponencial. É só a gente pensar no que o WhatsApp fez com as operadoras de telefonia, perderam em um
curto tempo uma parcela de consumidores que mandava mensagem de texto”, explicou Cezar Taurion, head de transformação
digital da Kick Ventures. Para acompanhar o crescimento exponencial, “as empresas precisar ser ágeis, ter equipes
enxutas. Quem não tiver esse modelo vai desaparecer”, avisa Taurion.
Diante de um novo modo de produzir e pensar a relação consumidor e produto, as posições nas
indústrias vão exigir profissionais com outras competências. A Natura lida com essa necessidade de mudança
com atualização “O profissional de agora tem que pensar como ele vai estar situado. Nossa preocupação
é que o corpo técnico busque atualizações. O mais importante é o que queremos fazer com
a parceria que estamos buscando com o Senai para capacitar para o futuro”.
A Renault, que traz para o Brasil um escritório da Renault Digital, valoriza profissionais “ altamente disruptivos
e que agreguem disrupção para outros colaboradores também mudarem o mindset”, afirmou Frederico
Ferrarini, líder do programa de transformação digital da Renault. A indústria automobilística
trabalha para falar com o cliente por meio de redes sociais e antever o desejo de compra.
A Eletrolux investe para que todas as suas fábricas sejam conectadas com a cadeia de fornecedores e com o consumidor.
“Nós queremos empoderar as pessoas e o trabalho deve ser mais rápido e mais fácil e vemos claramente
robôs e pessoas trabalhando”, afirmou Antonio Mandalozzo, gerente industrial de Operações inteligentes
na América Latina.