Do Porto Gente
O número de carros produzidos no Brasil neste ano, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), deverá ser 5,5% inferior a 2015, com 2,29 milhões de unidades. Mas mesmo nesse cenário de queda nas vendas, o investimento direto de estrangeiros feito na indústria automotiva brasileira – fabricação de carros e carrocerias – no primeiro semestre de 2016, com algo em torno de US$ 2,3 bilhões, foi 76,8% superior ao mesmo período de janeiro a julho do ano passado, como apontam os dados do Banco Central.
Todo esse otimismo pode ser muito bem explicado com a visita de uma missão empresarial japonesa, formada por executivos de 12 companhias do setor automotivo daquele país, que estará em São Paulo e Curitiba neste mês de outubro com o firme propósito de buscar oportunidades de negócios e avaliar o mercado para futuro estabelecimento de suas operações. Aquelas que já mantêm fábricas ou escritórios no Brasil estudam novos investimentos e a expansão de suas atividades no país.
A Japan External Trade Organization (Jetro), organização do governo japonês presente em mais de 50 países que tem a finalidade de promover os investimentos e o comércio exterior em todo o mundo, é quem está à frente desse grupo de 12 companhias, que aproveita a passagem pelo Brasil para participar de forma inédita, entre os dias 25 e 27 de outubro, da Mostra Tecnológica do Congresso SAE Brasil, que será realizado no Expo Center Norte, na capital paulista. Elas aproveitarão o maior encontro do Hemisfério Sul dirigido a engenheiros, executivos, consultores e acadêmicos do setor automotivo para troca de ideias, informações e promoção de rodadas de negócios.
No dia 28, a missão estará na sede da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), em Curitiba, para uma rodada de negócios organizada em parceria com a Agência Paraná de Desenvolvimento. “Esse momento turbulento da economia brasileira é passageiro e as empresas do Japão apostam no Brasil como um excelente mercado para o futuro. Além disso, as empresas japonesas consideram o mercado brasileiro estratégico para aqueles que enxergam a América Latina a longo prazo e sobretudo porque as empresas japonesas têm grande expectativa na melhoria do ambiente de investimentos e negócios no País”, argumenta Atsushi Okubo, diretor-presidente da Jetro no Brasil.
De olho no mercado brasileiro
Das 12 companhias que vêm ao Brasil e que estarão na SAE Brasil 2016, duas delas, Daifuku (serviços de consultoria e engenharia do sistema de logística) e Usui Kokusai Sangyo Kaisha (produz uma variedade de produtos de tubo e ventoinhas para automóveis, veículos agrícolas e máquinas de construção) avaliam ingressar e promover investimentos no país para atender montadoras e fabricantes de autopeças. “As empresas japonesas têm um grande potencial para ajudar o Brasil. Elas reúnem tecnologia e experiência, especialmente, disposição em promover investimentos por aqui”, afirma Okubo, da Jetro.
Mesmo entre as empresas que já mantêm suas operações no Brasil, a ideia é ampliar ainda mais seus negócios. A Mitsuba Corporation, por exemplo, aposta na inovação. A companhia, tem planos de iniciar a fabricação do menor e mais leve motor de vidro elétrico do mundo no Brasil.
A tecnologia, aliás, é a grande aposta dos japoneses para promover seus negócios com os brasileiros. São os casos, por exemplo, da Nitto Denko, que desde 2013 desenvolve produtos para eliminar NVH (Noise, Vibration and Harshness) e melhorar a acústica do interior do carro e a eficiência de combustível dos automóveis.
Essa é a segunda vez, no prazo de um ano, que uma missão empresarial do setor automotivo japonês vem ao Brasil. Em 2015, um total de 18 companhias esteve no país, com visitas em São Paulo e em Porto Alegre, que geraram um alto volume em negócios e resultou na concretização do estabelecimento de uma empresa no Brasil.
Japão, um dos maiores investidores
Os japoneses estão entre os maiores investidores no setor automobilístico brasileiro. A possibilidade de novos investimentos na área foi tema no último dia 5, em Tóquio, de encontro do secretário-executivo do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Fernando Furlan, com executivos da Honda, Mitsubishi, Nissan e Toyota.
Na ocasião, Furlan relatou que o Brasil vive um período de estabilidade política e que o governo vem tomando uma série de medidas para a atração de novos investimentos e a retomada do crescimento econômico. Acompanhado da diretora do Departamento das Indústrias para a Mobilidade e Logística do MDIC, Margarete Gandini, ele explicou aos japoneses que os desafios para a indústria brasileira nos próximos anos envolvem inovação, eficiência energética, segurança veicular e integração às cadeias globais de valor.
Atualmente, o Japão é o sexto mercado de destino das exportações brasileiras e o oitavo mercado de origem das nossas importações, sendo o sétimo país com a maior corrente de comércio com o Brasil. Ao todo, são mais de 5 mil as empresas com relações comerciais entre os dois países. Dentro desse quadro, destacam-se o comércio no setor automotivo e os importantes investimentos de empresas japonesas desse setor no Brasil.